Resistência ao novo
O ser humano tende a resistir a tudo o que é novo, novidade, pois tem medo do desconhecido.
Na língua portuguesa, misoneísmo ou neofobia é “a aversão, repulsa, temor a tudo o que é novo, novidade”.
A história da ciência está recheada de casos de misoneísmo.
Edward Jenner, médico inglês, descobridor da vacina contra a varíola, quase foi linchado pela população, pois ele injetava no doente a própria pústula(pus) da varíola humana.
Por isso, ele foi acusado de inocular a “besta fera”, o “demônio”.
Horace Wells, dentista inglês, precursor da anestesia, suicidou-se porque não aguentou a pressão, as críticas da comunidade científica da época, quando demonstrou em público e fracassou ao fazer o paciente inalar o óxido nitroso (gás hilariante) como anestésico para extrair seu dente.
Errou na dose do anestésico e o paciente começou a gemer, gritando de dor. Saiu vaiado, xingado, perdendo a credibilidade no meio acadêmico.
Thomas Alva Edison, norte-americano, notável inventor da lâmpada elétrica incandescente, foi chamado de louco, lunático, megalomaníaco, porque tinha o sonho ardente de iluminar o mundo.
Dr. Ian Stevenson, psiquiatra norte americano, diretor do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia.
Nó séc. XX, o doutor Stevenson foi o maior expoente, precursor da investigação científica da reencarnação, um tema considerado tabu na comunidade científica da época.
Apesar de sua reconhecida idoneidade, muito respeitado pela comunidade científica, sofreu muitas críticas, pois teve a coragem de enfrentar o dogmatismo do meio acadêmico, que se negava em investigar a reencarnação, um assunto considerado “religioso”.
Ele passou 37 anos de sua vida viajando em várias partes do planeta, coletando depoimentos de crianças que alegavam ter lembranças nítidas, vívidas de outras vidas.
Após ele e sua equipe da Universidade, pesquisarem mais de 3000 crianças em várias partes do mundo, publicou o livro “20 casos sugestivos de reencarnação”.
Veja o que ele disse referindo-se ao dogmatismo e preconceito dos cientistas de sua época: “A ciência, em vários aspectos, tornou-se tão dogmática quanto as religiões dos séculos passados, tornando-se uma espécie de religião moderna”.
Ele quis dizer que, da mesma forma no período da inquisição, na Idade Média, a Igreja Católica dava a palavra final sobre muitos assuntos, o mesmo vem ocorrendo agora com a Ciência em nosso período contemporâneo, ocupando o lugar da Igreja Católica.
Não fugindo à regra do misoneísmo, o mesmo ocorre também com a T.R.E (Terapia Regressiva Evolutiva) – A Terapia do Autoconhecimento, criada por mim em 2006.
De um lado, vemos muitas casas espíritas ortodoxas que abominam a TRE em relação à regressão de memória, pois alegam erroneamente que Kardec jamais autorizava o descortinamento do véu do esquecimento do passado. Isso não corresponde à verdade.
Em “O Livro do Espírito”, capítulo Vlll, Esquecimento do passado, questão 399, ele, em nenhum momento, afirmou que jamais deve-se descortinar o véu do esquecimento.
Disse, sim, que é possível descortiná-lo em três condições: 1) Em certas circunstâncias; 2) Senão pela vontade dos espíritos superiores; 3) Com um fim útil e jamais para satisfazer uma curiosidade vã.
A TRE vai de encontro com essas três condições, pois, nessa terapia, é sempre o mentor espiritual do paciente que descortina ou não o véu do esquecimento e jamais para satisfazer uma mera curiosidade para saber se ele foi um rei, rainha ou uma figura histórica, famosa do passado.
Do outro lado, devido ao desconhecimento e preconceito acerca da natureza espiritual do ser humano, o paradigma psicológico vigente das escolas psicológicas, psicoterápicas, psicanalíticas e psiquiátricas ainda não reconhece a TRE como científica.
Ela é ainda vista equivocadamente, não como uma terapia, mas, uma “prática religiosa” por lidar com a reencarnação e ter como base experiências de cunho espiritual.
Sendo uma nova técnica psicológica do inconsciente, relacionada com traumas, essa terapia aborda também os aspectos espirituais do paciente, como por exemplo, a sua mediunidade, que a ciência psicológica oficial (psicologia e psiquiatria) ainda ignora ou mesmo desqualifica, não a vendo como um fenômeno natural e inerente ao ser humano.
Neste aspecto, a psiquiatria e a psicologia convencional têm sido bastante arrogantes em relação à mediunidade, pois tudo o que elas não entendem é visto como anômalo, patológico.
A TRE defende um novo paradigma, um novo modelo de tratamento que abrange o ser humano em sua totalidade: mente, corpo e espírito.
O que não ocorre com a psicologia e psiquiatria que tratam o ser humano de forma fragmentada, esquizofrênica – a psicologia trata da mente e a psiquiatria com medicamentos por se basear num modelo organicista, vendo-o apenas como um fenômeno físico-químico, ignorando sua mediunidade.
Um exemplo: um médium em desequilíbrio, que sofre de transtorno de pânico, cuja causa é psicológica e espiritual.
Se ele procurar um psicólogo e um psiquiatra de enfoque tradicional, eles vão tratá-lo apenas de seu psicológico, associada com a terapia medicamentosa.
Mas se procurar um centro espírita, vão tratar só o aspecto espiritual, isto é, as influências nefastas de um espírito obsessor; portanto, com sessões de desobsessão.
No entanto, não vão tratar o seu psicológico, seus traumas, bloqueios psicológicos e emocionais, reprimidos em seu inconsciente.
Conclusão: o paciente não vai resolver seu transtorno de pânico, pois esses tratamentos são “capengas”, fragmentados, não o tratam de forma integral, isto é, o psicológico e o espiritual em conjunto.
São esses pacientes que vêm ao meu consultório, frustrados, não entendendo por que não obtiveram êxito nesses tratamentos.
Não por acaso, eles vêm, muitas vezes rotulados equivocadamente pela psiquiatria de “doentes mentais, ‘psicóticos”, “bipolares”, “depressivos”.
Mas, após passarem pelo tratamento da TRE, transformam-se em médiuns equilibrados, resgatando seu equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual.
Caso de Fobia Social
Dificuldade de falar em público
Homem de 40 anos, solteiro, ele me procurou porque tinha medo de pessoas estranhas, isto é, falar em público e se expor.
Sentia que não podia falar e se expressar e tinha a impressão de que ninguém iria entendê-lo.
Era gerente de um departamento, onde seu trabalho precisava ser apresentado constantemente aos diretores.
Expor o seu trabalho era muito estressante e angustiante.
Nas vésperas, tinha insônia, diarreias constantes, e precisava tomar ansiolítico para diminuir seu quadro de ansiedade.
Na primeira sessão de regressão, ele se viu numa cabana como professor, dando aulas. Não gostava de ser professor.
Era um lugar cheio de árvores, numa floresta, clima úmido e quente.
Era na Indochina (Vietnã) e o ano era 1889.
Ele se viu como um homem alto, ruivo, olhos azuis.
Os habitantes eram asiáticos, mas, ele era francês, tinha 33 anos, solteiro, deixou a mãe e a irmã na França.
Ele trabalhava para o governo Francês. Foi mandado para dar aulas na Indochina. Foi uma espécie de castigo, punição do governo francês.
Acabou sendo mandado nesse fim de mundo para dar aulas de língua francesa. Fazia tudo de má vontade, sentia que era uma pessoa má.
Queria a todo custo voltar à França e, para isso, espionava o que os outros professores, também franceses, falavam.
Ele batia nos alunos com uma palmatória por não gostar de crianças; por isso, tanto os alunos quanto os professores não gostavam dele.
Em seguida, ele se vê voltando à França, contente.
Mas, para que isso acontecesse, teve de mentir em relação a um professor.
Usou de calúnia, acusando-o de abusar sexualmente de uma aluna criança. O professor acabou sendo preso. Achou que era a única forma de voltar para casa.
Anos depois, esse professor, ao sair da cadeia, foi atrás dele, até encontrá-lo.
O professor lhe perguntou por que fizera aquilo, inventara aquela calúnia. Depois de pressionado, confessou que, na verdade, foi ele que abusara sexualmente daquela garota, uma menina de 12 anos.
Essa menina vietnamita, é a sua mãe da vida atual; por isso, o relacionamento com ela sempre foi muito difícil.
Desde criança, o paciente se sentia rejeitado pela mãe.
Em seguida, esse professor acabou denunciando-o pelo abuso da menina, embora não tivesse nenhuma prova.
Mas o paciente caiu em descrédito, e, quando andava na rua, todo mundo o via com olhares de reprovação.
Ficou com remorso e acabou ficando louco. Foi para um hospital onde foi tratado a base de remédios.
Peço-lhe que avance na cena, anos depois.
Ele se vê velho, muito mais do que aparentava. Sente-se estranho, quer sair dali, mas não consegue se expressar.
Quando fala para os médicos e enfermeiras, estes não entendem a sua fala. A reação deles é diferente do que ele pede.
Ele começa a falar cada vez menos, pois não adiantava falar. E, mesmo se falasse, as pessoas não iriam entendê-lo.
Pensava consigo: “Ninguém vai me entender, não adianta eu falar”.
Foi aqui que ele entendeu o porquê desse medo de falar em público nesta vida, e de sempre achar que ninguém iria entendê-lo.
Desde criança, tinha o hábito de perguntar aos familiares se eles estavam entendendo o que ele falava.
Neste hospital, era como se ele falasse outra língua. Foi ficando mudo, não falava mais.
Pedi-lhe que avançasse na cena, e que recordasse os últimos momentos dessa vida, no momento de sua morte.
Ele se vê muito velho neste hospital, deitado num leito, ao lado de uma freira.
Ele quer falar com ela, mas ela não o entende. Tinha medo de morrer.
Sabia que tinha feito muitas coisas erradas. Era católico e achava que iria ser punido.
Pedi para que ele falasse os últimos pensamentos e sentimentos antes de morrer.
Veio o pensamento de que nessa vida passada usou mal as palavras para mentir, trapacear e trair.
Por isso, hoje, precisava pensar bem antes de falar. Não podia usar as palavras para prejudicar as pessoas.
E é por isso também que ele decidiu ficar mudo por muito tempo naquele hospital da vida passada.
Na 2ª sessão, ele trouxe uma recordação de sua infância, desta vida, reflexo dessa crença daquela existência passada de que ninguém era capaz de entendê-lo.
Ele se vê numa sala de aula dominical, com várias crianças, numa Igreja Presbiteriana, onde seus pais costumavam frequentar.
Estava ansioso porque seus primos ainda não tinham chegado e não queria ficar sozinho com aquelas pessoas estranhas.
Seus pais estavam numa outra sala da Igreja. O culto para as crianças já tinha começado e nada de seus primos aparecerem.
Sentia-se assustado, queria sair daquela sala para ficar com seus pais. Mas tinha medo de falar, de pedir para sair.
Chegou a falar à professora, mas ela não entendia o que ele falava. Sentia-se preso, paralisado, não conseguia se expressar.
Ela acabou levando-o à sala onde seus pais estavam.
Mas, apesar de estar com os pais, não se sentia ainda tranquilo, pois sabia que sua mãe iria ficar brava com ele. Tinha medo de ser punido por ela.
Subitamente, regride a outra vida passada, onde vê um povoado, casas baixas, janelas que parecem de Igrejas, altas.
Ele se vê como criança, loiro, cabelos lisos, olhos azuis e tem de 4, 5 anos.
Ele me diz: “Eu tenho medo de ser punido, de fazer alguma coisa errada. Sou acusado de não ter fé, de não acreditar.
As pessoas dizem que preciso ter fé. É uma religião nova. Algumas pessoas não são protestantes, talvez a maioria. Muitos são calvinistas.
Quando faço alguma coisa errada, dizem que vou para o inferno. Eu tenho medo do inferno. Existem leis, normas. Eu me sinto pressionado.
Eu tenho medo de falar, e se falar, vou denunciar muitas injustiças. Por isso, não adianta nem abrir a boca.
Vão dizer que sou culpado, uma pessoa má, principalmente minha mãe, uma mulher ruiva, olhos claros e com o rosto cheio de sardas.
Ela fala muito no inferno, que eu não faço as coisas direito. Acho que ela não vai entender se eu falar (novamente sente que as pessoas não o entendem), então falo cada vez menos.
Minha mãe não escuta o que eu falo. Às vezes quero falar com uma pessoa, mas acho que ela não vai me escutar e nem me entender.
Nas sessões seguintes, ele foi exercitando e se permitindo falar em público, deixando ser entendido, sendo claro e objetivo nas suas explanações, procurando olhar nos olhos das pessoas, sem desviá-los.
No final do tratamento, estava conseguindo se expressar naturalmente, sem aquela desconfiança, receio de que não iria ser entendido pelas pessoas, sem medo de se expor em público.
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