O uso abusivo do celular pode se tornar um transtorno, uma fobia conhecida como Nomofobia, do inglês “no mobile”, que significa “sem telemóvel”.
É um termo muito recente, uma fobia causada pelo desconforto e angústia de ficar não só sem o celular, mas também de tablet, notebook, enfim, sem um aparelho de comunicação móvel.
Muita gente usa o celular o tempo todo, mas ainda tem o controle da situação, consegue ficar sem o aparelho por um tempo. O problema é quando as pessoas usam o celular como uma muleta por se sentirem sozinhas, por quererem suprir sua carência afetiva.
Quando ficam sem o celular, os sintomas mais comuns da Nomofobia são: 1) Medo irracional de perdê-lo ou sair de casa, sem ele; 2) Ansiedade, estresse, crises de pânico, com tremores, sudorese, tontura, náuseas, dificuldade de respirar, dor no peito e taquicardia.
É o caso de uma paciente, que veio ao meu consultório, mas, inicialmente, não sabia que sofria de Nomofobia.
Caso Clínico: Nomofobia
Mulher de 23. Solteira.
Ela veio me procurar porque não conseguia se concentrar nos estudos (cursava Análise e Desenvolvimento de Sistemas).
Mas, no decorrer da terapia, seu mentor espiritual lhe mostrou que sua dificuldade em ter foco, de não conseguir se concentrar nos estudos, tinha como causa seu vício pelo celular, e, medo de ficar sem ele.
Ela não tinha consciência que era dependente, viciada em celular, e, que sofria de Nomofobia, ou seja, medo de ficar sem o aparelho celular. Veio me procurar também por que pensava em se matar, desde criança. Por fim, queria entender por que na infância e adolescência sofreu muito bullying na escola, e, tudo o que começava não concluía, além do hábito de adiar o que precisava fazer em seu cotidiano.
Após passar por duas sessões de regressão, na 3ª sessão, ela me relatou: “Vejo um xamã, um índio, ele me diz que é o meu mentor espiritual. Fala que vai me mostrar por que desde criança penso constantemente em suicídio...Mostra uma cena de uma vida passada...Vejo uma mesa com muitas pessoas, comendo. São negros, escravos da época da senzala do Brasil colonial.
Sou o dono dos escravos. Sou branco, cabelo preto, curto, uso bigode, visto uma roupa de época, gravata borboleta, e, algo parecido com fraque. Sou bravo, quero que eles trabalhem mais na plantação de café. Eu era conhecido como o barão do café.
Maltratava demais os meus escravos, sempre achava pouco o que eles colhiam. Quando me traziam cestos com menos quantidade de café, mandava açoitá-los; às vezes, eu mesmo fazia isso. Eu era arrogante...Vejo agora os meus escravos, comendo à mesa. A cozinha deles era separada da minha.
Eles comiam numa mesa feita de tronco, improvisada... Eu me vejo dando um murro na mesa, gritando com eles, faço-os parar de comerem para voltar ao trabalho... Agora, vejo a plantação de café toda destruída por uma praga. Pego uma arma e me mato, atirando em minha cabeça.
Hoje tenho crises de enxaqueca, justamente na têmpora esquerda, onde me matei. As dores de cabeça são esporádicas, mas, quando vêm, não adianta tomar remédio, pois são muito fortes.”.
Na 4ª sessão de regressão, ela me relatou: “Meu mentor espiritual diz que hoje vai me revelar por que não estou conseguindo me concentrar nos estudos. Mostra uma cena atual, onde estou estudando em casa com a TV ligada, e toda hora fico olhando em meu celular.
Ele me orienta a deixar na mesa, só o material de estudo, sem os aparelhos como celular, tablet ou notebook. Diz que tenho tudo para estudar, mas as distrações, principalmente com o celular, não me deixam concentrar.
Fala que fico me queixando, reclamando que sou uma pessoa sem foco, mas, na verdade, afirma que ninguém é sem foco, que o foco é a gente que busca, quando queremos realmente”.
Na 5ª sessão, ela me disse que conseguiu ficar sem o celular, na mesa de estudo; porém, pensava o tempo todo onde o tinha deixado, pois achava que o havia perdido. Não conseguiu estudar, após voltar do trabalho.
Disse-me que dormiu chorando e acordou com os olhos inchados de tanto chorar. Não conseguiu estudar, sem o celular. Disse-me ainda que, nessa semana, esqueceu o celular em casa e no trabalho ficou muito estressada, deu taquicardia, sudorese, falta de ar, tontura, pois ficava pensando como iria assistir à aula sem o celular, após sair do trabalho, já que dependia dele para fazer as consultas no Google.
Ela me confessou, que era comum esquecer de comer para ficar no notebook. Mas, essa semana, ela se conscientizou o quanto era dependente dos aparelhos eletrônicos. “Meu mentor espiritual está me dizendo que a minha choradeira ocorreu porque me conscientizei do vício pelo celular. Eu me arrependi por deixar de fazer muitas coisas em minha vida por conta desse vício, e que poderia ter uma vida melhor”.
- Pergunte-lhe por que você sofre desse vício?
“Diz que busco suprir a minha carência afetiva ficando um bom tempo no celular, já que não tenho muitos amigos. Esclarece, que me afasto de todos, não faço amizades, pois não confio nas pessoas. Fala que isso é fruto do bullying que sofri na escola, em minha infância.
Fala ainda, que o bullying é um resgate cármico meu, pois naquela vida como barão do café destratei muitos escravos, principalmente, uma escrava negra que me servia comida. Eu a chamava de horrorosa, feia, que ela não servia para nada. Reclamava que ela não fazia direito as coisas, de como ela se vestia, e, que a comida estava fria – joguei o prato na cara dela, humilhando-a, destratando-a.
Em relação aos estudos, ele pede para fazer duas coisas: 1) Diariamente, fazer meditação durante 10 minutos. Fala que isso deve melhorar bastante o meu foco nos estudos, que vai me fazer sentir melhor, menos ansiosa;
2) Pede também, durante 10 minutos, ler, nem que seja uma página de meu caderno de anotações das aulas de meu curso. Fala novamente para me manter afastada o mais longe possível de meu celular, na hora que tiver estudando.
Pede para confiar nele, e está me lembrando de meu gato que sumiu semana passada. Fiquei muito preocupada, pois ele não aparecia; mas, na ocasião, ele falou comigo em pensamento para ter calma, que o meu gato iria voltar; porém, duvidei, não acreditei nele. No entanto, ele realmente apareceu no dia seguinte”.
Na 6ª e última sessão, a paciente me disse: “Consegui diariamente fazer a meditação durante 10 minutos. No início da semana, consegui também ficar 10 minutos, sentada à mesa para estudar, embora nos primeiros dias, minha mão automaticamente se movia em direção ao celular, mas consegui me controlar, trazendo-a de volta, sem pegar no celular.
No decorrer da semana, teve um dia que consegui ficar uma hora estudando e nem lembrei do celular. Notei também que tudo o que estudei, eu lembrei, pois, antes da terapia, lia e depois não lembrava de nada. Meu mentor espiritual está me dando parabéns, disse que agora é uma questão de continuar exercitando, colocando em prática suas orientações. Assim, vou ter mais foco nos estudos”.
A paciente disse também que não estava mais procrastinando o que tinha que fazer – até fez uma lista de tarefas. Por fim, desde que começou a fazer a meditação, diariamente, estava se sentindo mais calma, menos ansiosa, e, usando menos o celular.
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